segunda-feira, 21 de setembro de 2009

PRB: avanços e desafios

Por Leonardo Barreto – Cientista político


O PRB faz quatro anos e começa a demarcar seu território na cena política brasileira. As eleições municipais de 2008 trouxeram bons resultados, o partido possui líderes de expressão nacional e apresenta o maior crescimento percentual do número de filiados entre todas as legendas.

Um aspecto que deve ser ressaltado é o contexto de ascensão do PRB. Nos últimos anos, o país passou por uma série de turbulências políticas e escândalos de corrupção. A população encontra-se profundamente desacreditada e as pesquisas de opinião mostram seguidamente que menos de 20% das pessoas acreditam em partidos. Entretanto, o cenário adverso não foi uma barreira para o PRB. Isso significa que a população brasileira encontra-se aberta a novas alternativas e propostas. Cabe à legenda transformar esse potencial em apoio e votos.

Para isso, existe uma receita simples: a institucionalização de um partido acontece quando ele (i) apresenta soluções inovadoras, coerentes e conectadas às necessidades da população, (ii) executa suas atividades de forma eficiente e (iii) permanece dentro dos padrões éticos da sociedade.

Ao buscar seu espaço no mercado político, o PRB tem a obrigação de mostrar-se como uma opção diferente ao status quo reinante. Sem essa postura, qual seria o motivo para que o eleitor apostasse em uma nova legenda? Nenhum. Por isso, deve-se buscar originalidade e a adoção de práticas modernizantes em sintonia com os anseios da população, extremamente cansada dos hábitos clientelísticos e tradicionais.

A necessidade de inovação não está apenas na forma de fazer política, mas também nos serviços que presta à população em períodos não eleitorais (organização de atividades comunitárias) e na relação com os seus filiados (promovendo cursos, informações e debates públicos). É dessa forma que se constrói uma base de apoio sólida e fiel.

Além disso, o partido deve trabalhar de forma produtiva, gerando resultados imediatos para a população. Esse é o desafio dos atuais prefeitos e vereadores do partido. A administração dessas novas cidades servirá de parâmetro para os eleitores nas próximas eleições. As experiências exitosas devem ser transformadas em vitrines, mostrando ao país o “jeito republicano de governar”. Para que isso aconteça, é necessário também que os administradores locais possam contar com o apoio técnico do diretório nacional, a partir de um núcleo de assistência em políticas públicas.

A preocupação ética deve permanecer prioritária. O Brasil vive uma verdadeira revolução dos seus padrões políticos e a questão ética está no centro de todo o processo de transformação. Quem ignorar essas regras será eliminado do jogo partidário.

A eleição de 2010 é fundamental para as pretensões futuras do partido. O aumento da bancada na Câmara dos Deputados trará maior visibilidade para os posicionamentos da legenda em torno das políticas públicas da agenda nacional. Dessa forma, é igualmente importante que o PRB inicie um ciclo de discussões em torno dos principais temas da nação a fim de preparar seus quadros e estabelecer opiniões para os debates que estão por vir.

O jogo político não é fácil e exige o investimento de anos e o PRB está apenas no início do seu caminho. Entretanto, o momento já exige decisões importantes que repercutirão fortemente no seu futuro. A reputação, a relevância e o tamanho que o partido terá daqui a dez anos dependem de boas respostas às questões que são feitas agora.