segunda-feira, 2 de abril de 2012

35% dos adolescentes consomem bebidas pelo menos uma vez ao ano

GERDAN WESLEY
Trotes violentos envolvendo bebidas na Universidade de Brasília, estudantes embriagados agredindo equipes da imprensa e acidentes fatais de trânsito. Esses são alguns dos episódios que recentemente chamaram a atenção dos brasilienses para a gravidade do consumo de bebidas alcoólicas entre jovens e adolescentes. Levantamento realizado pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) aponta que no país, 35% dos adolescentes consomem bebidas alcoólicas pelo menos uma vez ao ano e 24% pelo menos uma vez ao mês.
No Distrito Federal, não é raro flagrar o consumo de bebidas entre menores. Sejam nas festas ao ar livre regadas a bebidas e som automotivo, nas casas noturnas e bares que não fiscalizam a idade mínima exigida dos frequentadores ou até mesmo em ambientes acadêmicos, como o campus da Universidade de Brasília. A reportagem do Alô flagrou jovens bebendo em todas as situações.
Na tentativa de conter o problema, a Vara da Infância e Juventude realiza com frequência, blitz em festas e casas noturnas para verificar se menores estão comprando bebidas ou adquirindo de outras  pessoas. Só em 2011, as operações do órgão flagraram cerca de 200 menores consumindo bebidas alcoólicas. “O que fazemos é deter os jovens até que os pais ou responsáveis venham buscá-los e tomar par da situação”, afirma o supervisor da seção de apuração e proteção da 1ª Vara da Infância, Marcos Barbosa. Ele explica que, muitas vezes, os adolescentes mentem para os pais, dizendo que vão dormir na casa de amigos, mas vão para festas. “Não é raro quando telefonamos, os pais duvidarem de que o filho está sob nossa custódia. É importante estar atento”, completa.
O trânsito também é um termômetro frio da consequência da mistura entre álcool, jovens e direção. Dados do Departamento de Trânsito (Detran) mostram que só em 2011, 23 jovens entre 10 e 19 anos perderam a vida em acidentes fatais nas vias da capital. Para o psiquiatra e coordenador do programa de orientação e atendimento a dependentes, da Universidade Federal de São Paulo, Marcelo Niel, muitas vezes a associação do jovem com a bebida começa em casa. “O hábito de alguns pais de beberem na frente das crianças, ou até mesmo, mandarem elas buscarem bebidas, costuma estimular precocemente o consumo de tais substâncias”, alerta.
Para o especialista, só um diálogo franco dentro do núcleo familiar pode coibir o problema. “Os jovens costumam ser descriminados por colegas quando se negam a beber. Faz parte da aceitação do grupo. É importante colocar na cabeça do filho que ele é vulnerável. E quanto mais cedo ficar dependente do álcool. Maiores serão as futuras sequelas”.
Da redação do Alô

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