segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Trabalhadores do DF estão buscando a realização profissional em Goiás

De manhã bem cedo, o engenheiro civil Arthur Malaquias pega a Via Estrutural para ir trabalhar. Até chegar ao canteiro de obras, distante 40 quilômetros de casa, leva bem menos tempo que a maioria das pessoas que fazem o percurso pela mesma pista, no mesmo horário, saindo do Entorno para trabalhar no Plano Piloto ou em cidades do DF. A diferença é que Arthur mora em Águas Claras e a construção que gerencia fica em Águas Lindas, Goiás. No fim do expediente, horário de rush, é a mesma coisa: engarrafamento de lá, trânsito tranquilo de cá!

Formado há um ano, em Goiânia, o jovem de 23 anos trabalha na construção civil desde fevereiro. Quando chegou ao DF, morou por um tempo em um alojamento de engenheiros, em Águas Claras. Chegou a procurar lugares para ficar na cidade onde trabalha, mas desistiu após verificar a precariedade da cidade. “Aqui não tem muita infraestrutura, até restaurante para almoçar é complicado de achar. Todos os meus colegas vivem em Águas Claras. Fica mais caro, mas o custo-benefício é melhor. Onde eu moro, tenho melhores opções de lazer e mais segurança”, explica.

Arthur entrou para a empresa como trainee e progrediu até chegar ao cargo atual de gerente de obras. O trabalho consiste em organizar a construção de casas populares. Para ir e voltar do canteiro de obras, ele dirige cerca de 80 quilômetros por dia. “Não gosto da distância, da rotina de ir e vir, mas isso não me atrapalha. Adoro o trabalho, é muito gratificante”, assegura. Apesar do trajeto que precisa percorrer diariamente, a ausência de engarrafamentos no dia a dia se tornou um ponto positivo para o jovem engenheiro, que acredita que não aguentaria manter o pique se tivesse que lidar com esse problema.

O professor de administração da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Pinho vê a movimentação do contrafluxo como algo muito positivo tanto para a região do Entorno quanto para o profissional. “Se o Entorno fosse industrializado, só teríamos vantagens. As fábricas têm como absorver mão de obra. A melhor distribuição de empregos traria imensas melhoras no trânsito”, defende. Além disso, existe a questão ecológica: como as vias entre Entorno e DF ficam praticamente desimpedidas para o fluxo contrário, existe a possibilidade de procurar transporte público e deixar o carro em casa.

Mais que uma questão de tempo dirigindo, trabalhar fora do DF foi, para o químico Douglas Ochoa, 24 anos, a realização de um sonho. Supervisor de produção em uma fábrica de produtos de limpeza em Luziânia (GO), ele nunca quis prestar concurso público e tinha como objetivo atuar na iniciativa privada. A solução foi trabalhar longe da cidade onde mora, Águas Claras. “Brasília não me ofereceu a oportunidade de estar no ramo que eu gostaria. Minha rotina é bem mais puxada, mas tenho um grande prazer em fazer meu trabalho”, explica. Como Douglas reside com a família e namora uma moça de Brasília, não tem planos de se mudar para um lugar mais perto da fábrica: “O aluguel do imóvel em Luziânia é muito alto, gasto metade do valor com gasolina. Vale mais a pena morar em Águas Claras e me deslocar para a cidade diariamente”.



Fonte: Correio Braziliense

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