domingo, 18 de dezembro de 2011

6ª Mostra de Dramaturgia



Em 2004, a diretora de teatro Paula Braga se deparou com o texto Mirian, de Samuel Rawet. A trama envolvia uma judia que se casava com um romano. Com o nascimento do filho, os pais se deparavam com um primeiro conflito entre as religiões: em qual delas batizar o primogênito? “Ia montar o espetáculo, mas eram nove personagens, foi ficando cada vez mais caro e não consegui patrocínio”, lembra Paula, que decidiu: “Vou ler, então”.

Tarimbada, ela sabia o quão difícil é levar público a uma leitura dramática. A opção seguinte foi fazer uma mostra de leituras e, assim, surgiu a Mostra de Dramaturgia de Brasília, evento que chega a sua sexta edição esta semana, na Sala Cássia Eller do Complexo Cultural da Funarte. A abertura acontece neste domingo, às 20h com a leitura Balada dos Cães Raivosos ou Ainda Bem Que Os Elefantes Não São Carnívoros, do autor Valnir Pasquim, com direção de Pecê Sanvaz.

Trata-se de uma quase Idade Média contemporânea. Um mundo devastado, coberto por lixo e muitas areias. Cães e homens disputando o mesmo espaço, a mesma falta de alimentos. De humor ácido e devastador, a peça tenta provocar no espectador indagações a respeito da perpetuação da espécie. A mediação fica por conta de Geraldo Lima.

Na terça, às 18h, é a vez das autoras Manuela Castelo Branco e Tatiana Carvalhedo apresentarem Da Paz, sobre uma palestrante fora do comum. Uma mulher contemporânea, com um humor nervoso bem típico dos dias de hoje, preocupada com o sentimento que carrega no nome de batismo. “A paz que está em mim, a paz que está em você e em vocês  também”. Este é o jargão e fio condutor do espetáculo, que estreou em agosto de 2010.

“Ela vive os dilemas da mulher moderna, dividida entre as funções de mãe, esposa, dona de casa e profissional”, define a dramaturga e atriz Tatiana Carvalhedo, que encarna a personagem. “A Da Paz sou eu, uma atriz e uma mulher também dividida. Ela nasceu da minha necessidade de falar, de expressar o que sentia”, confessa. 

A direção coube a Francis Wilker. “A entrada dele nos ajudou a dar um olhar masculino à Da Paz e ao espetáculo como um todo”, revela a atriz. “No fim, ela retrata o homem como ser humano, não apenas o lado feminino”. Na mediação, Jonathan Andrade. 

Até quinta, outros quatro textos serão apresentados ao público com o objetivo de estimular e formar olhares críticos sobre a identidade teatral contemporânea de Brasília.

6ª Mostra de Dramaturgia de Brasília – De Domingo a quinta, na Sala Cássia Eller da Funarte (Eixo Monumental). Entrada franca.



Fonte: Da redação do clicabrasilia.com.br

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