segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

DF apresenta maior percentual de moradores que já cursaram uma universidade


Chegar à faculdade sempre pareceu um sonho impossível para a balconista Ednalva Pereira da Silva, 35 anos. Mãe de duas crianças, a moradora de Ceilândia priorizou a educação dos filhos e deixou de lado a vontade de prestar vestibular para direito. Mas no ano passado, com a vida financeira estabilizada, ela decidiu que era a hora de realizar o desejo. “Me sinto realizada. Quando me formar, quero fazer concurso e virar delegada da Polícia Federal”, conta a funcionária de uma farmácia e estudante de direito. Assim como Ednalva, milhares de brasilienses venceram dificuldades e conseguiram uma vaga na universidade. As estatísticas confirmam o fenômeno. O número de pessoas que chegaram à faculdade e concluíram a graduação cresceu 146% na última década.


Hoje, na capital federal, 17,4% dos moradores com mais de 10 anos têm nível superior. O Distrito Federal é a unidade da Federação com o maior percentual de habitantes nessa faixa que concluíram o ensino superior. Isso representa mais da metade da média brasileira. Em todo o país, 8,3% dos moradores têm uma graduação. Em São Paulo, que ocupa o segundo lugar no ranking, 11,6% terminaram o curso em uma faculdade. Os dados são do censo, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, realizado em 2010, 381.333 brasilienses têm formação universitária. No estudo anterior, realizado em 2000, eram 154.943 pessoas com tal grau de instrução no Distrito Federal. Além disso, 162.474 entrevistados declararam aos pesquisadores que frequentavam uma universidade no ano passado. Ou seja, a tendência é de que o total de habitantes com nível superior cresça ainda mais rapidamente nos próximos anos.

Os fatores que explicam isso são variados. Contribuíram para esse fenômeno a criação de programas do Ministério da Educação, como o de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), criado em 2003 para ampliar o acesso à educação superior. Na Universidade de Brasília (UnB), o número de estudantes saltou de 17.123 em 2000 para 30.157 — um crescimento de 76% na última década.

A decana de Ensino de Graduação da UnB, Márcia Abrahão, explica que o aumento do número de vagas na instituição está ligado principalmente à criação dos câmpus de Planaltina, do Gama e de Ceilândia. Mas ela afirma que a expansão da universidade conseguiu manter a qualidade do ensino. “Ao mesmo tempo em que houve aumento de vagas, a UnB contratou docentes e técnicos. Hoje, 85% do nosso corpo docente é formado por doutores”, comenta Márcia.

Ela conta que, além dos novos câmpus, a instituição oferece 5 mil vagas de ensino de graduação a distância, o que contribuiu para o crescimento de 76% no número de matrículas. Mas Márcia reconhece que a quantidade de vagas na única federal de Brasília ainda é pequena em comparação com a demanda. “Houve expansão, mas ainda estamos longe da meta do Plano Nacional de Educação. Esperamos que haja a continuidade dos programas do governo para atingirmos a meta”, finaliza a decana da UnB.

Apesar do crescimento de estudantes da UnB, foi a expansão da rede privada que impulsionou as estatísticas no Distrito Federal. Há duas décadas, havia seis instituições particulares na capital federal. Hoje, são 83 em funcionamento. O aumento da renda do brasiliense, especialmente entre as classes C e D, também ajuda a melhorar os dados. São pessoas que no passado jamais sonhariam em cursar uma universidade e hoje conseguem pagar a mensalidade de um curso superior.

Ozaneide Maria Estevão, 38 anos, era uma dona de casa do Setor P Norte, em Ceilândia, sem grandes perspectivas profissionais. Em 2010, ela decidiu mudar a vida radicalmente e prestou vestibular para psicologia. “Isso seria impossível há uns 10 anos, porque não teria dinheiro para pagar uma faculdade. Mas os meus filhos já estão maiores e resolvi fazer esse sacrifício financeiro para começar uma carreira. Quero dar o exemplo para eles”, justifica a mulher, que sonha em atuar no ramo da psicologia jurídica.

Bolsas
Outro projeto que contribuiu para o ingresso de muitos brasileiros na faculdade foi o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede bolsas integrais ou parciais em universidades privadas. Em contrapartida, as instituições de ensino recebem isenção de tributos. Só no Distrito Federal, 24.927 pessoas foram beneficiadas pela iniciativa desde 2005. Em 2011, o governo federal concedeu bolsa a 6.305 brasilienses, número 4% superior ao registrado em 2010 e 165% maior do que o total de benefícios liberados em 2005. 

Atualmente, 13.663 estudantes recebem bolsa do Ministério da Educação. Aqueles sem condições de pagar a integralidade das mensalidades na rede particular também podem recorrer ao Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), programa do Ministério da Educação. Os juros de 3,4% ao ano, muito inferiores aos cobrados por bancos, são um estímulo aos alunos que sonham com um diploma. No DF, foram firmados 2.467 contratos de financiamento neste ano. Em 2010, houve 911 beneficiados — um aumento de 170%.

Fonte: Correio Braziliense

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